terça-feira, 20 de outubro de 2009

*Etiqueta**

Vamos falar um pouco sobre etiquetas.
Mas calma aí, a etiqueta a que me refiro não é aquela de bons modos à mesa por exemplo, mas a de Drummond, já ouviram falar?? Não?? Então vamos conhecê-la.

O poema de Carlos Drummond de Andrade EU ETIQUETA é uma crítica a nossa desumanização. Muitas vezes deixamos de ser nós mesmos para ser o que a moda quer que sejamos, para ser o que interessa à mídia. Alguns trechos marcam bastante para mim essa indignação que o autor descreve, destaco-os a seguir:

"Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada."

" Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender(...)"

Eu me questiono bastante a respeito disso, por isso volto a me perguntar: Será que não estamos perdendo realmente nossas identidades e achando que ainda temos muito de nós??
Acho bem difícil haver alguém que ainda se conserve em sua pura essência, difícil não, IMpossível. Por mais que nos mantenhamos em nossas opiniões concebidas intimamente elas estão sempre tocadas por aspectos que não são propriamente nossos, isto porque o intercâmbio de saberes de que falava Michel Serres além de favorecer a importante troca de sentidos e ampliação do conhecimento também traz consigo essa questão da modificação da gênese, de onde tudo começou...

O vídeo traz o poema por completo, na voz de Paulo Autran, Eu Etiqueta, de Carlos Drummond de Andrade:

3 comentários:

  1. Muito interessante Naiane.
    Até que ponto somos originais quando somos escravos da moda, da mídia?
    E mesmo quando não o somos tão nitidamente...
    Tô confusa...Quem sou eu??
    hauhsusua
    Beijoos!

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  2. "Pane no Sistema Alguém me Desconfigurou"...

    Nossas identidades não são imutáveis, elas se recoonstrói, descontrói, solidificam-se num processo infinito a partir de referênciais, vivências, frustrações, sucessos, em fim, num processo interminável até o fim de nossas vidas, mas acredito também que todos nós temos uma essência única, inigualável que nos torna únicos.

    A questão é: ser nós mesmo diante de todas as imposições da sociedade, mas precisamente da classe hegemonica que dita as regras, que nos molda e nos engessa é uma questão de coragem.
    Penso que isso que nos falta é coragem.

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  3. Como foi bom ouvir a voz de Paulo Autran. Brigado Nai!
    ED

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