sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Olhares e Leituras>>


Sabe pessoas, amo músicas e leituras. Como já deixei uma música que fala um pouco dessas questões que temos discutido ultimamente( "Admirável chip novo", lembram?), agora vou falar um pouco sobre leitura. A leitura a que me refiro aqui é aquela em seu sentido mais amplo, aquela que permite ler não só palavras, mas também imagens e expressões.

Quanto a isso, Leonardo Boff, em seu texto "A Águia e a Galinha" (falando sobre educação) traz essa belíssima reflexão:

“Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiência tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita.” (Boff)

Pois então, se pensarmos na responsabilidade de um educador em contribuir para a construção da leitura de seus aprendizes em suas distintas possibilidades pensaremos nisso. Para começar ele poderia mostrar aos mesmos que compreender uma história em quadrinhos, por exemplo, é mais do que entender o que está escrito em cada tirinha, mas ler também as imagens, os personagens e suas expressões... Ler as entrelinhas>>>


Mais informações sobre vida e obra do autor:
http://www.leonardoboff.com/site/lboff.htm

terça-feira, 20 de outubro de 2009

*Etiqueta**

Vamos falar um pouco sobre etiquetas.
Mas calma aí, a etiqueta a que me refiro não é aquela de bons modos à mesa por exemplo, mas a de Drummond, já ouviram falar?? Não?? Então vamos conhecê-la.

O poema de Carlos Drummond de Andrade EU ETIQUETA é uma crítica a nossa desumanização. Muitas vezes deixamos de ser nós mesmos para ser o que a moda quer que sejamos, para ser o que interessa à mídia. Alguns trechos marcam bastante para mim essa indignação que o autor descreve, destaco-os a seguir:

"Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada."

" Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender(...)"

Eu me questiono bastante a respeito disso, por isso volto a me perguntar: Será que não estamos perdendo realmente nossas identidades e achando que ainda temos muito de nós??
Acho bem difícil haver alguém que ainda se conserve em sua pura essência, difícil não, IMpossível. Por mais que nos mantenhamos em nossas opiniões concebidas intimamente elas estão sempre tocadas por aspectos que não são propriamente nossos, isto porque o intercâmbio de saberes de que falava Michel Serres além de favorecer a importante troca de sentidos e ampliação do conhecimento também traz consigo essa questão da modificação da gênese, de onde tudo começou...

O vídeo traz o poema por completo, na voz de Paulo Autran, Eu Etiqueta, de Carlos Drummond de Andrade:

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Reciclar e Liberar em Tempos de ©apitalismo Inform@cional

O atual sistema econômico em que se encontra a sociedade é o secular capitalismo em sua fase informacional, mas que não deixou para trás suas características industrial e financeira. Assim, em tempos de sociedade da informação, comunicar-se com o mundo virou sinônimo de utilização das tecnologias da informação em suas distintas formas. No entanto o acesso que é permitido a essas representações do conhecimento dispostas na rede não é tão aberto assim já que o próprio sistema econômico, apesar de privilegiar o conhecimento, se baseia na exclusividade [propriedade privada].
Se formos comparar a tecnologia que era produzida há algum tempo com sua fase atual notaremos algo no mínimo curioso, que é o fato de que seus produtos finais em vez de ficarem mais duráveis acabam se tornando cada vez mais descartáveis. Sabemos que essa não-durabilidade é estratégia do sistema, acabando por induzir ao consumismo que se tornou tão comum em nossos dias. Então, se o produto é descartável gerará resíduos que em boa parte dos casos são prejudiciais a natureza e a própria saúde humana. É ai que entram iniciativas como a da metareciclagem.

MetaReciclagem é uma rede auto-organizada que propõe a desconstrução da tecnologia para a transformação social. Assim, as ações desenvolvidas tem como finalidade reutilizar materiais que se descartados sem nenhum controle poderiam causar danos muitas vezes irreparáveis. Essa reciclagem inteligente não só objetiva o reaproveitamento, mas também a conscientização do porquê e do como fazer (como funciona) aparelhos como computadores, possibilitando caminhos para a utilização e consumo consciente do que as tecnlogias nos proporcionam.

Em uma matéria da revista eletrônica ComCiência escrita por Simone Pallone ela faz uma afirmação interessante referindo-se aos resíduos eletrônicos: "A tecnologia ainda não avançou o suficiente para que essas substâncias sejam dispensáveis nos aparelhos. O que propõem cientistas, ambientalistas e legisladores, de diferentes formas, é que se procure reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar energia." . Essa idéia me chamou a atenção por que reflete mesmo o que está acontecendo, a tecnologia pode ter avançado bastante mas ainda não é o suficiente para deter os próprios danos que causa.

Ainda nessa linha da exclusividade capitalista há uma outra questão interessante a se pensar. Me refiro ao licenciamento dos produtos (tanto físicos quanto intelectuais), que em se tratando de tal sistema se dá predominantemente de forma fechada, reservada. Se prestarem atenção o título está intercalado de letras e símbolos, com o @ quis representar a informática como um todo, e o © não coloquei por que achei bonitinho não, foi justamente pelo que ele representa. Observando mais atentamente encontraremos muitos produtos que trazem essa marca [ © ], ela representa a exclusividade dos mesmos, assim ninguém pode reproduzir ou alterar já que há a barreira dos direitos autorais reservados. Dai que surgem discussões como a da pirataria, que diferente da falsificação não é crime, mas por interesses que se encontram por trás acaba sendo colocada como tal, para esses não é interessante que grande parcela da população tenha acesso a tais produtos sem pagar seus valores muitas vezes absurdos, senão onde vai parar seu lucro???. Mas também surgem alternativas como a das Licenças livres, que são licenças que, mesmo preservando o direito autoral, permitem a livre distribuição e cópia. Elas podem ser combinadas, impondo limitações de uso, mas sem deixar seu caráter de publicidade, coletividade.

Concluindo, me remeto mais uma vez ao título, os desafios da MetaRecicl@gem e das Li©enças livres em tempos de Capitalismo informacional se colocam de forma cada vez mais necessários para "amenizar" as consequências excludentes que esse sistema econômico impõe. Então como todo processo que vai de encontro ao que está posto como regra acabam passando por desconhecimento e marginalização. Claro que não estou aqui defendendo a pirataria, mas sugerindo que a percebamos com outro olhar, e a metareciclagem defendo sim afinal por meio dela fazemos em parte aquilo que nem os avanços tecnológicos em sua complexidade conseguiu trazer solução { CoNsCiEnTiZaÇãO= Consciência + Ação }.

O que é estar incluido digitalmente???




O discurso de inclusão digital é bastante atual. Mas devo confessar que nunca me considerei inserida nesse conceito, aliás tinha muitas dúvidas do que isso realmente queria dizer... bom, na verdade ainda tenho...


O que pensar sobre o que realmente é estar incluido? Penso que se existe a inclusão consequentemente a exclusão coexiste e se faz muito mais forte do que a outra. Penso que confusões surgem ao tentarmos imaginar esse conceito e que só nos levam a outros tantos desencontros...


Ao meu ver o que podemos fazer em relação a isso é pensar as tecnologias digitais enquanto integrantes inevitáveis de nossas vidas, afinal foram desenvolvidas por nós mesmos, seres humanos pensantes e capazes de tantas realizações que muitas vezes também capazes de nos perdermos em meio a elas.>>>




Então, o que acham disso???... me ajudem a pensar...