segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Reciclar e Liberar em Tempos de ©apitalismo Inform@cional

O atual sistema econômico em que se encontra a sociedade é o secular capitalismo em sua fase informacional, mas que não deixou para trás suas características industrial e financeira. Assim, em tempos de sociedade da informação, comunicar-se com o mundo virou sinônimo de utilização das tecnologias da informação em suas distintas formas. No entanto o acesso que é permitido a essas representações do conhecimento dispostas na rede não é tão aberto assim já que o próprio sistema econômico, apesar de privilegiar o conhecimento, se baseia na exclusividade [propriedade privada].
Se formos comparar a tecnologia que era produzida há algum tempo com sua fase atual notaremos algo no mínimo curioso, que é o fato de que seus produtos finais em vez de ficarem mais duráveis acabam se tornando cada vez mais descartáveis. Sabemos que essa não-durabilidade é estratégia do sistema, acabando por induzir ao consumismo que se tornou tão comum em nossos dias. Então, se o produto é descartável gerará resíduos que em boa parte dos casos são prejudiciais a natureza e a própria saúde humana. É ai que entram iniciativas como a da metareciclagem.

MetaReciclagem é uma rede auto-organizada que propõe a desconstrução da tecnologia para a transformação social. Assim, as ações desenvolvidas tem como finalidade reutilizar materiais que se descartados sem nenhum controle poderiam causar danos muitas vezes irreparáveis. Essa reciclagem inteligente não só objetiva o reaproveitamento, mas também a conscientização do porquê e do como fazer (como funciona) aparelhos como computadores, possibilitando caminhos para a utilização e consumo consciente do que as tecnlogias nos proporcionam.

Em uma matéria da revista eletrônica ComCiência escrita por Simone Pallone ela faz uma afirmação interessante referindo-se aos resíduos eletrônicos: "A tecnologia ainda não avançou o suficiente para que essas substâncias sejam dispensáveis nos aparelhos. O que propõem cientistas, ambientalistas e legisladores, de diferentes formas, é que se procure reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar energia." . Essa idéia me chamou a atenção por que reflete mesmo o que está acontecendo, a tecnologia pode ter avançado bastante mas ainda não é o suficiente para deter os próprios danos que causa.

Ainda nessa linha da exclusividade capitalista há uma outra questão interessante a se pensar. Me refiro ao licenciamento dos produtos (tanto físicos quanto intelectuais), que em se tratando de tal sistema se dá predominantemente de forma fechada, reservada. Se prestarem atenção o título está intercalado de letras e símbolos, com o @ quis representar a informática como um todo, e o © não coloquei por que achei bonitinho não, foi justamente pelo que ele representa. Observando mais atentamente encontraremos muitos produtos que trazem essa marca [ © ], ela representa a exclusividade dos mesmos, assim ninguém pode reproduzir ou alterar já que há a barreira dos direitos autorais reservados. Dai que surgem discussões como a da pirataria, que diferente da falsificação não é crime, mas por interesses que se encontram por trás acaba sendo colocada como tal, para esses não é interessante que grande parcela da população tenha acesso a tais produtos sem pagar seus valores muitas vezes absurdos, senão onde vai parar seu lucro???. Mas também surgem alternativas como a das Licenças livres, que são licenças que, mesmo preservando o direito autoral, permitem a livre distribuição e cópia. Elas podem ser combinadas, impondo limitações de uso, mas sem deixar seu caráter de publicidade, coletividade.

Concluindo, me remeto mais uma vez ao título, os desafios da MetaRecicl@gem e das Li©enças livres em tempos de Capitalismo informacional se colocam de forma cada vez mais necessários para "amenizar" as consequências excludentes que esse sistema econômico impõe. Então como todo processo que vai de encontro ao que está posto como regra acabam passando por desconhecimento e marginalização. Claro que não estou aqui defendendo a pirataria, mas sugerindo que a percebamos com outro olhar, e a metareciclagem defendo sim afinal por meio dela fazemos em parte aquilo que nem os avanços tecnológicos em sua complexidade conseguiu trazer solução { CoNsCiEnTiZaÇãO= Consciência + Ação }.

Um comentário:

  1. Olá Naiane,
    gostei das reflexões. Parabéns. Só senti falta dos comentários da galera. A que vc atribui isso? Tente instigar mais o debate, ok?
    abraço

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